Reflexão: Sentar-se à janela do avião;

Por Guto Marcondes - 19 de maio de 2013 Nenhum comentário
Nunca vou me esquecer a primeira vez que entrei em um avião. A ansiedade de voar era enorme. Eu queria sentar ao lado da janela de qualquer jeito, acompanhar o voo desde o primeiro momento e sentir o avião correndo na pista cada vez mais rápido e até a decolagem. 

Ao olhar pela janela via, sem palavras, o avião rompendo as nuvens, chegando ao céu azul. Tudo era novidade e fantasia. No meu trabalho, desde o início voar era uma necessidade constante. Os compromissos em outras cidades e a correria me obrigam às vezes estar em dois lugares num mesmo dia. 

No início pedia sempre poltronas ao lado da janela, olhava as nuvens, curtia a viagem, e nem me incomodava de esperar um pouco mais para sair do avião, pegar a bagagem, coisa e tal. 

O tempo foi passando, a correria aumentando e já não fazia questão de me sentar a janela, nem mesmo ver as nuvens, o sol, as cidades abaixo, o mar ou qualquer paisagem que fosse. Perdi o encanto. Pensava somente em chegar e sair, me acomodar rápido e sair mais rápido ainda. 

As poltronas do corredor agora eram exigência. Mais fáceis para sair sem ter que esperar ninguém, sempre e sempre preocupado com a hora, com o compromisso, com tudo, menos a viagem, com a paisagem, comigo mesmo. 

Por um desses maravilhosos “acasos”, estava louco para voltar de Curitiba, numa tarde chuvosa, precisando chegar em São Paulo o mais rápido possível. O voo estava lotado e o único lugar disponível era uma janela, na última poltrona.


Sem pensar concordei de imediato, pequei meu bilhete e fui para o embarque. Embarquei no avião, me acomodei na poltrona indicada: a janela. Janela que há muito eu não via, ou melhor, pela qual já não me preocupava em olhar. E num rompante, assim que o avião decolou, lembre-me da primeira vez que voara. Senti novamente e estranhamente aquela ansiedade, aquele frio na barriga. Olhava o avião rompendo as nuvens escuras até que, tendo passado pela chuva, apareceu o céu. 

Era um azul tão lindo como jamais tinha visto. E também o sol, que brilhava como se tivesse acabado de nascer. Naquele instante, em que relembrei da primeira vez em que entrei em um avião, percebi que estava deixando de viver um pouco a cada viagem em que desprezava aquela vista. 

Pensei comigo mesmo: será que em relação às outras coisas da minha vida eu também não havia deixado de me sentar à janela, como por exemplo, olhar pela janela das minhas amizades, do meu casamento, do meu trabalho e convívio pessoal? 

Creio que aos poucos, e mesmo sem perceber, deixamos de olhar pela janela da nossa vida. A vida também é uma viagem e se não nos sentarmos à janela, perdemos o que há de melhor: as paisagens, que são nossos amores, alegrias, tristezas, enfim, tudo o que nos mantém vivos. 

Se viajarmos somente na poltrona do corredor, com pressa de chegar, sabe-se lá onde, perderemos a oportunidade de apreciar as belezas que a viagem nos oferece.


Se você também está num ritmo acelerado, pedindo sempre poltronas do corredor, para embarcar e desembarcar rápido e “ganhar tempo”, pare um pouco e reflita sobre onde você quer chegar. 

A aeronave da nossa existência voa célebre e a duração da viagem não é anunciada pelo comandante. Não sabemos quanto tempo nos resta. Por esta razão, vale a pena sentar próximo da janela para não perder nenhum detalhe. 

Afinal, a vida, a felicidade e a paz que o Senhor nos proporciona, são caminhos e não destinos.

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