Precisamos compreender de forma madura o conceito de foco. Conjugar o verbo ‘focar’. Antenor Nascentes diz que foco é o “ponto para onde convergem raios emitidos por uma mesma fonte de luz e calor; ponto de reunião, sede principal, centro de qualquer coisa”.
Na Bíblia, encontramos pessoas que trabalharam com o foco certo e outras que o perderam. Iniciemos abordando os que não focaram ou perderam o foco certo colocado pelo Senhor. Esaú perdeu o foco da primogenitura. Ele focou em si mesmo, nas suas necessidades físicas, pois trocou a sua primogenitura por um prato de lentilhas. Trocou a sua herança patriarcal por uma comida deliciosa, uma iguaria. Trocou o eterno pelo passageiro. O essencial pelo não-essencial. Como isto é triste! Temos perdido o foco das coisas espirituais à semelhança de Esaú. Quantas vezes agimos como carnais, materialistas e imediatistas. Tomados pelo ter e não pelo ser. Caracterizados pelo antropocentrismo tão forte neste mundo pós-moderno.
Outro personagem bíblico que perdeu o foco tão bem colocado pelo Senhor foi Jonas, o profeta. Deus determinou que ele fosse para Nínive (Assíria) com a missão de levar o povo ao arrependimento e, ao mesmo tempo, o reconhecimento da Majestade de Yaweh. Diz o texto que ele “fugiu da presença do Senhor, na direção de Társis” (Jn 1.3). O foco de Deus era que Jonas cumprisse a sua missão em Nínive, mas este preferiu desviar-se e ir para Társis (Espanha). Quantas vezes somos assim, pois queremos fazer a nossa vontade, entrar em nossa zona de conforto e viver às nossas ‘custas’ sem darmos satisfação ao Deus de toda a graça, que nos criou e nos salvou em Cristo Jesus. Mas Deus, para o nosso bem, intervém em nossa história (Rm 8,28). As intervenções de Deus são sempre para que atinjamos o Seu anseio. Jonas pagou o preço da sua desobediência, pois foi engolido por um grande peixe após uma tempestade no mar provocada pelo próprio Senhor. Como Deus é Pai ao mandar a tempestade e o peixe para tratarem o profeta, para que ele voltasse os olhos na direção da Sua vontade, fosse posicionado no foco e pregar o Reino ao povo assírio na cidade de Nínive!
Pedro foi outro personagem que perdeu o foco. Jesus estava expondo aos discípulos acerca de Sua ida para Jerusalém e a necessidade de morrer pelos pecadores. Esta era a meta de Jesus. Pedro, porém, tentou demover o Senhor do essencial, mas este disse para ele: “Para trás de mim, Satanás! Tu me és motivo de tropeço, pois não pensas nas coisas de Deus, mas, sim, nas que são dos homens.” (Mt 16.23). A natureza humana é assim, ela quer salvar a sua pele, quer conforto, comodidade e não tem interesse no caminho estreito, o caminho da cruz, que é o caminho do Pai. Assim era Pedro. Ele perdeu o foco da vontade de Deus. Jesus havia deixado muito claro para ele e os demais discípulos a relevância de uma vida de obediência, concentrada na boa, agradável e perfeita vontade de Deus. A nossa concentração deve estar sempre nas coisas mais importantes. O Senhor será sempre o nosso referencial. Ele é a nossa perspectiva, definindo as nossas prioridades, a nossa agenda ao longo da vida. A Palavra de Deus é o nosso manual para nos concentrarmos no que Deus quer para nós. Ele sempre quer o melhor para os Seus e, acima de tudo, para a Sua glória.
Mas há focos positivos. Temos pessoas que focaram a vontade e a glória de Deus. Abrão (depois, Abraão) foi uma delas. Um irmão precioso, chamado pai da fé. Deus o chamou de Ur dos Caldeus (Hoje Iraque) para a terra que Ele, o Senhor, iria mostrar. Abrão focou o Senhor. Isto bastava para ele. Alguém disse que ele “não sabia para onde ia, mas sabia com quem ia”. Aqui faz toda a diferença. O futuro patriarca haveria de experimentar a provisão e a proteção de Deus ao longo do caminho da fé. Ele venceu muitos obstáculos para chegar a Canaã. Ele sabia das implicações. Quando Deus coloca um desafio (foco) diante de nós, Ele nos capacita a vencer, a atingir o alvo. Abraão se tornou o pai da fé e da nação hebraica. Jesus, como homem, é da descendência de Abraão. Este servo de Deus foi pai em avançada idade. Foi provado no Monte Moriá quando Deus pediu que ele sacrificasse o seu único filho, o filho da promessa: “Toma agora teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te mostrarei” (Gn 22.2). Abraão obedeceu e foi fazer a vontade de Deus. Lá foi o velho crendo no poder de Yaweh. O escritor aos hebreus interpreta este momento de forma magistral quando declara: “Pela fé, Abraão, quando provado, ofereceu Isaque para ser sacrificado; sim, aquele que havia recebido as promessas estava a ponto de oferecer seu único filho, sobre o qual se havia falado: Em Isaque será contada a tua descendência. Ele considerou que Deus era poderoso até para o ressuscitar dos mortos e, assim, também, simbolicamente o recuperou” (Hb 11.17-19). Os olhos do velho patriarca estavam na suficiência do Todo-Poderoso que sempre provê. Que lição de fé e de amor ao Senhor! Um homem focado no amor e na glória do Senhor. Como precisamos imitar Abraão, seguir os seus passos! Obedecermos como ele obedeceu.
Além de Abraão, temos Neemias, que, ao ser chamado pelo Senhor, quando era administrador do rei Artaxerxes, obedeceu. Após receber o relatório caótico acerca da cidade de Jerusalém, cujos muros estavam em ruinas, olha o que ele disse: “Depois de ouvir essas palavras, sentei-me e chorei. Lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar perante o Deus do céu” (Ne 1.4). Mais tarde, no processo de construção dos muros, ele foi tentado por Tobias, Sambalate e Gesém, mas, em 52 dias, ele os reconstruiu, colocando as portas nos portais. Que obra fantástica! Como Neemias foi tentado! Ele estava sempre absorvido pelo projeto de Deus – reconstruir os muros, a cidade e trazer alegria para o Seu povo. Quando oramos e choramos diante de Deus, Ele opera maravilhas para o nosso bem e para ser glorificado. Neemias era um homem autêntico. Ele tinha norte, direção. A sua liderança estava fundamentada na fidelidade de Deus. A vontade de Yaweh era o centro de sua vida. Por esta razão, ele foi muito bem sucedido.
O outro, Daniel, jovem judeu exilado na Pérsia, tinha a oração como um estilo de vida. Era um jovem puro e talentoso. Os seus inimigos levaram o rei Dario assinar um edito injusto que, num período de 30 dias, ninguém podia consultar o seu Deus. Diz o texto bíblico (Dn 6.10) que Daniel, mesmo sabendo da lei, continuou no foco da oração como costumava fazer. Sabemos que a oração do justo pode muito em seus efeitos. Moço de oração, ele não se intimidou, mas buscou ao Senhor com mais intensidade e foi pego pelos seus algozes e jogado na cova dos leões famintos. O rei Dario ficou muito consternado com a situação. Sabemos que Deus é sempre fiel. Daniel, seu servo, foi preservado dos leões, mas os seus inimigos foram jogados lá e estraçalhados pelas feras famintas. O homem colhe o que semeia (Gl 6.7). Esta é a lei.
Por último, Jesus é o nosso maior exemplo de alguém cujo foco foi morrer por nós, satisfazendo plenamente a justiça de Deus. Ele satisfez toda a justiça do Pai para que, nEle, pudéssemos ser perdoados, livres e abençoados. Jesus sempre deixou muito claro a Sua missão: buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19.10). Ele sempre se conformou com a vontade do Pai, sendo sempre obediente. Esta vontade era o Seu prazer. O Pai tinha prazer no Filho. “Este é o meu Filho amado, de quem me agrado” (Mt 3.17). Não podemos perder o foco chamado de a vontade de Deus. Ela é sempre boa, agradável e perfeita (Rm 12.2). Imitemos Abraão, pai da fé; Neemias, o construtor de Deus; Daniel, o jovem de oração; e Jesus, o único Salvador e Senhor. Atentemos para o conselho do escritor aos hebreus se referindo ao Precioso Salvador e Senhor Jesus Cristo: “Portanto, também nós, rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, depois de eliminar tudo o que nos impede de prosseguir e o pecado que nos assedia, corramos com perseverança a corrida que nos está proposta, fixando os olhos em Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé, o qual, por causa da alegria que lhe estava proposta , suportou a cruz, não fazendo caso da vergonha que sofreu, e está assentado à direita do trono de Deus” (hb 12.1,2). Que Jesus seja sempre o nosso foco principal e referência para os focos da nossa agenda como homens e mulheres de Deus.
Ele é o sentido, o motivo e a razão. Também é dEle a visão. Minha oração é para que você possa ter a visão em Deus. Mantendo o foco nEle, que sua visão seja ajustada, e que você consiga enxergar a boa perfeita e agradável vontade de Deus.
Que Ele te capacite, te inspire, e te fortaleça!
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