James Akel defende Ana Paula Valadão e critica a postura da Record pela reportagem sobre o ato de "Cair no Espírito"

Por César Costa da Silva - 14 de novembro de 2011 Nenhum comentário
O conceituado jornalista do jornal “O Estado de S. Paulo” e crítico de TV, James Akel, criticou a postura da Record, e mais especificamente do jornalista Paulo Henrique Amorim, Douglas Tavolaro (presidente do jornalismo da Record) e do bispo Edir Macedo, pela veiculação de uma matéria tendenciosa sobre o movimento pentecostal e as práticas de cair no espírito. Confira:


Crítica 1:

Usar-se o melhor programa da Record, Domingo Espetacular, para atacar uma cantora gospel, seria inaceitável se estivéssemos falando de jornalismo.
Mas parece que estamos falando de briga entre igrejas onde uma decidiu atacar frontalmente a outra usando sua arma mais potente que é o maior ibope da Record no Domingo Espetacular.
E o motivo de se atacar uma cantora gospel por algo que ela faz, que seria uma forma diferente de demonstrar sua religião, nos deixa mais estarrecidos por ver que o grande mal cometido pela cantora foi ter seu selo da Globo na capa de seus discos.
Usar o maior ibope da emissora para atacar alguém era comum nos anos 60 da TV Tupi, quando o dono Chateaubriand chantageava milionários para comprar obras de arte para o MASP e atacava ferozmente na TV os que não lhe dessem o dinheiro necessário para as compras, mas até interrompia programação para elogiar os que dessem o dinheiro.
Ou, no sentido inverso, me lembra a Globo que nunca descobria onde era o Araguaia de massacres militares por estar sob o manto financeiro da ditadura militar.
E vemos agora uma Record, que sempre atacou a Globo por seu modo de agir imperialista, tentar usar as mesmas técnicas para agredir uma simples cantora.
É uma agressão, sim, pois o dono da emissora, Edir Macedo, já fez tais declarações contra a cantora.
Dizer que é apenas uma reportagem seria imparcial se o dono não se tivesse declarado antes.
Tem muito mais.
A cúpula da Igreja Universal teria detectado na cantora um grande ídolo futuro de novo polo religioso, fora dos domínios da Igreja de Edir.
O melhor, segundo a cúpula, seria desqualificar no ar, para o Brasil, a tal cantora, evitando mais fuga de fiéis da Igreja, que está preocupadíssima com isto.
A estratégia de Edir Macedo mostra-se a cada dia mais ineficaz.
E seu comando mostra que está no caminho errado.
As consequências disto são as reduções na arrecadação da Igreja e a baixa no ibope da única coisa que dá ibope de primeira na Record que é o jornalismo.
Em toda emissora jornalismo representa a credibilidade da emissora.
Quando o jornalismo tem ibope alto, a credibilidade é alta.
Quando tem ibope baixo, a credibilidade é baixa.
Vamos dizer que falta estratégia de marketing da Igreja e também da emissora.
Vejam que coisa engraçada e vão dizer que uma coisa nada tem a ver com a outra.
O declínio da TV Record começou exatamente, e coincidentemente, quando Honorilton Gonçalves decidiu demitir todo mundo da rádio e literalmente acabou com a imagem que ainda restava, antiga, da rádio Record.
Os espertos que acham que entendem de televisão na Record, vão dizer que uma coisa nada tem a ver com a outra.
Mas os que silenciam na Record e entendem de metafísica, saberão do que estou falando.

Crítica 2:

Vergonhosa é o mínimo que posso achar da atitude da direção da Record que mandou criar a reportagem de hoje do Domingo Espetacular contra a cantora gospel Ana Paula Valadão.
Conheço o perfil da maioria dos jornalistas que trabalham na Record e tenho certeza que todos, menos dois, ficaram constrangidos de terem participado de tal programa.
Os dois que não devem ter se constrangido foram Paulo Henrique Amorim e Douglas Tavolaro, vice de jornalismo.
Paulo Henrique por já ter escrito coisas horrorosas sobre tanta gente e uma a mais ou a menos tanto faz.
E Douglas, que assinou já coisas terríveis no Jornal da Igreja, então uma a mais ou a menos também não vai fazer diferença.
Eu fico pensando o que a turminha da cúpula da Igreja diria se a Globo colocasse no ar um vídeo que muita gente já viu na web sobre Honorilton Gonçalves.
Eu me solidarizo neste momento com todos os jornalistas da Record que fizeram tal trabalho sujo porque precisam do salário no final do mês.
Mas fizeram com o constrangimento de realização estranha ao bom jornalismo.
A minha solidariedade vai até os jornalistas que fizeram por obrigação de trabalho subalterno.
Não vai nem para Paulo Henrique e menos ainda pra Douglas Tavolaro, este último o que mais decepcionou a mim como Cristão que sou e como jornalista que sou.
Se Douglas ter assinado aquelas coisas agressivas no Jornal da Igreja já me permitia achá-lo estranho, agora, na posição de vice de jornalismo, ele permitir que tal ato fosse concretizado no maior programa de jornalismo da Record e que era vice de ibope nos domingos, me faz achá-lo despreparado para uma função maior.
Vão me dizer que Edir e Honorilton não estão numa normalidade de juízo.
E o Douglas teve que realizar a missão determinada por Edir.
Então, neste caso, o caso é mais grave e o Congresso tem peso suficiente para enquadrar a Record e sua concessão.
A Record não deu apenas um tiro no pé.
A Record deu um tiro no próprio saco.

James Akel

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@LivresDT - Por César Costa
(livresdt@yahoo.com.br)

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